segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Identidade... não sou literatura infantil!

Cá estou de novo a refletir em voz alta... melhor em letras escritas.
Hoje trago uma questão profunda de IDENTIDADE.
Não sou um livro para crianças, embora a minha roupagem assim o indique.
Questões de marketing... é a explicação que me é dada. Tenho de me encaixar numa coleção, para me arrumar numa estante ou me mostrar numa montra, num "arrumar"  tipológico em que não me revejo.
Sim, o meu nome leva a que me coloquem nesse mundo da gente miúda, mas sempre me vi como um menino crescido. Aliás, a minha outra mãe, a Tânia, captou bem esse meu lado "velho"... olhem bem para a minha cara. Os meus olhos grandes não estão num rosto de criança. Nem eu me expresso com palavras simples e tão próprias dessas primeiras idades.
A minha mãe sempre me disse que eu nasci como um grito de alerta... não para as crianças! Essas estão naturalmente abertas àquilo de que eu falo, basta lhe dizermos baixinho que há meninos diferentes, como eu...
Eu nasci para ser lido por adultos. Há quem já tenha dito que eu sou "um poema", outros que sou um "hino à inclusão". Generosidade de quem assim me acha!... Sou sim uma expressão daquela revolta que se quer fazer ação! Não quero ser bonito, nem simples, nem fácil de ler. Quero incomodar. Quero abanar quem se deixa tocar... quero apenas mudar o mundo! Coisa pouca, coisa simples!
Sei que sou capaz!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Plural & Singular

Sinto-me honrado!
Mereci duas páginas inteiras na revista Singular & Plural. É uma revista completamente dedicada à deficiência e à inclusão. Muito interessante!

página 98 da revista Plural& Singular sobre "o menino dos dedos tristes

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mais uma visita... desta vez a Ourém...

Segunda feira, dia 3 de dezembro, dia Internacional da Pessoa com Deficiência,  a minha outra mãe, a Joana, levou-me à Escola Básica e Secundária de Ourém. Fui recebido por algumas turmas do 11º ano que estiveram sempre muito atentos, pois nunca tinham visto um Menino como eu, em multiformato

Joana apresenta livro na Escola Básica e Secundária de Ourém

Ao início estavam muito tímidos e não colocavam questões, mas depois de se falar um pouco da minha versão em Língua Gestual Portuguesa e de verem as legendas glosadas, as dúvidas começaram a crescer por parte dos alunos.

alunos da Escola Básica e Secundária de Ourém ouvem atentamente


E querem saber uma coisa? Saí de lá com a sensação de que já em 2013 nascerão mais livros como aquele que sou! Pelo menos foi o que consegui perceber nas entrelinhas e no olhar de uma possível fada madrinha de um outro Menino. Não seria fantástico que isso acontecesse?!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Questões de Língua

Hoje quero falar sobre a minha faceta poliglota...
O meu "eu" que fala Língua Gestual Portuguesa"!
Por vezes surpreendo-me com o pouco que conheço de mim mesmo. E são os outros que me fazem pensar sobre aquilo que me proponho fazer.
Quando nasci neste meu "multiformato" não me apercebi do efeito que  iria ter sobre as pessoas que me "lêem" no formato "videolivro em Língua Gestual Portuguesa com legendas glosadas". Nem me tinha apercebido do interesse dessas mesmas legendas para os leitores ouvintes. Confesso que pensei cá para comigo, "mais uma invenção das minhas mães... só coisas para complicar!". Mas afinal juntar as tais "glosas" em forma de legendas foi uma ideia fantástica!

Passo a explicar:
As "glosas" que aparecem em jeito de legendas transcrevem os gestos que a Joana faz para me contar em Língua Gestual Portuguesa.




Não são frases como as que se usam para escrever em português! São palavras soltas que aparecem escritas em maiúsculas, numa ordem um pouco estranha... algumas palavras repetem-se e outras aparecem juntas por um hífen... não há pontuação... parece uma enorme confusão! Mas não é!!!
A Língua Gestual Portuguesa fala-se mesmo assim. Tem uma estrutura diferente das línguas orais, e vive dos gestos e da expressão facial de quem a fala. É muito criativa e melódica... sim! Parece música visual... o corpo todo dança... e as mensagens surgem do conjunto de efeitos. Parece magia!

Ah! Já agora... sabiam que a minha amiga Rita se chama "menina laço" para os leitores surdos? Sabem porquê? Em Língua Gestual o nosso nome nasce de uma faceta que nos distingue de todos os outros... e a Rita traz um laço na cabeça.
Giro, não?
Como será o vosso nome em Língua Gestual Portuguesa?